domingo, 11 de abril de 2010

Por que fazer uma análise?


Cada qual pode encontrar diversos motivos para explicar porque procurou fazer uma análise mas, de modo geral, quem procura um analista, possui por algum sofrimento do qual não consegue se livrar. São os chamados traumas.

Desde o início a psicanálise foi um processo terapêutico e nunca deixou de ser Freud em 1932 nas 'Novas Conferências Introdutórias sobre Psicanálise' defendeu a psicanálise como a mais poderosa de todas as terapias.

É inegável que a psicanálise produz efeitos curativos, e a diminuição ou desaparecimento do sofrimento do paciente ligado aos sintomas pode ocorrer depressa demais (logo no início da análise) ou mais tardiamente.

Todo analista espera melhoras no estado de seu analisando, mas não é a cura um critério psicanalítico para avaliar os progressos do paciente, como é o caso da medicina.

Entretanto, a idéia de cura, está no centro da decisão de um paciente de consultar um psicanalista e o desejo de curar-se é um fator indispensável ao início do processo analítico. Para começar a análise e manter o esforço que o empreendimento analítico exige, é preciso que o paciente se queixe de sintomas e aspire à cura.

Ocorre que essa demanda é substituída lenta e progressivamente por manifestações transferenciais que logo tomam seu lugar. O paciente passa a transferir para a pessoa do analista sentimentos oriundos de suas primeiras relações [familiares], que vão do amor à sentimentos dolorosos.

A demanda de cura se transforma numa neurose de transferência. Isso acontece porque o mesmo paciente que quer curar-se, procura também manter sua doença, seus sintomas.

Freud escreveu que os sintomas são atividades eróticas dos neuróticos e o desejo de não curar-se é um obstáculo muito grande para o tratamento.

Contudo, a criação de uma nova neurose de transferência na relação com o analista, ao mesmo tempo, que obedece ao desejo de doença do analisando é também a possibilidade que o analista tem, através do manejo e análise dessa transferência, de auxiliá-lo a libertar-se desse desejo e do sofrimento que o acompanha.


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